Não encontro a São Paulo que alguns tentam me mostrar


Nos últimos meses tive algumas discussões bastante improdutivas sobre a cidade de São Paulo. Reclamações incessantes ligadas à zeladoria e à limpeza urbana, bem como obras de infraestrutura, marcaram boa parte das discussões. Uma área da cidade que foi palco frequente delas, pra variar, foi a do Centro Velho.

Por acaso acabei tropeçando com um vídeo da Folha de S.Paulo, de 2012, portanto, antes da atual gestão petista. Costumo teorizar que o PT vive um momento muito ruim no cenário político (assunto que, felizmente, não pretendo abordar), o que acaba contaminando as opiniões a respeito do prefeito Fernando Haddad e, não somente as opiniões, mas a disposição em buscar avaliar sem uma predisposição à reprovação imediata do prefeito.

Por acaso o vídeo “casou” muito bem com o teor das discussões. Será que não estamos vendo apenas a continuidade do cenário apontado pela pesquisa, comentada e base para o vídeo acima?

Observação: para quem quiser consultar as matérias do DNA Paulistano 2012 ligadas ao Centro, basta clicar aqui.


Tenho estado bastante otimista sobre algumas coisas, vamos a elas:

Sobre o CDA, fiz questão de fazer um rápido piquenique com uma amiga no Largo São Francisco, além de ter ficado um tempo na Praça do Patriarca e no Largo do Paissandu (neste último sozinho mesmo). O que eu encontrei foram intervenções simples, mas razoavelmente efetivas, no sentido de serem convidativas e perfeitamente usáveis. Não encontrei materiais caros ou um ar sofisticado, mas compreendi a proposta. Nova Iorque experimentou assim antes de fazer mudanças mais drásticas no espaço da cidade, de forma a poder desmontar tudo sem grandes prejuízos caso a experiência fosse negativa, como já explicou Janette Sadik-Khan em algumas oportunidades (exemplo de uma).

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CDA no Largo São Francisco

Muitas reclamações, aliás acabam lembrando um certo vídeo, que um tempo atrás circulou nas redes sociais:

Eu fiz um certo esforço para tentar fotografar a cidade (obviamente parte dela, afinal, São Paulo é imensa), de maneira a tentar “queimar o filme” pelos problemas de zeladoria apontados por alguns, ligados à sujeira e mendicância, sobretudo.

Fiz minhas verificações principalmente a pé. Costumo esperar mais problemas de sujeira em regiões com fluxo elevado de pessoas, mas definitivamente não consegui enxergar uma São Paulo mais suja, tentei, mas… não consegui.

Centro

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CDA no Largo São Francisco

No Centro, achei que ao menos a região estava mais agradável (provavelmente devido ao CDA e às ciclofaixas) e que os problemas clássicos, como o caso da sujeira da mendicância, não tiveram alteração significativa.

Foram percorridas diversas áreas, Luz, República, Anhangabaú… não observei uma piora conforme estava sendo apontado. A única região que me causa uma má impressão é o entorno da Estação Júlio Prestes, mas ali a problemática é distinta e a prefeitura tem tentado outra abordagem.

Zona Oeste

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Avenida Arnolfo Azevedo

Não notei alteração na Barra Funda e no Pacaembu, o entorno do estádio, aliás, estava praticamente impecável.

Zona Leste

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Praça Nossa Senhora das Vitórias

Notei melhorias na Vila Formosa e Tatuapé, com a reforma das praças Nossa Senhora das Vitórias e Sílvio Romero, respectivamente, além da implantação de faixa exclusiva na Vila Formosa e ciclofaixa no Jardim Anália Franco. Não verifiquei aumento da sujeira e, de quebra, um edifício lançado recentemente numa avenida importante da Vila Formosa conta com comércio no térreo (Nobel, Líquido e Óticas Carol logo despertaram minha atenção, embora a arquitetura do edifício não tenha agradado, tanto que não prestei atenção no nome dele).


São Paulo continua encantadora e sou capaz de identificar algumas coisas boas na gestão atual. Uma visão ponderada por parte de parcela da população faz falta, sem ela, fica muito mais difícil lutar por uma cidade melhor. Pena.