Árvores artificiais e a Folha de S.Paulo


Hoje, 21 de dezembro, domingo, o jornal lançou a seguinte matéria: “Prefeitura gasta R$ 400 mil em 50 árvores falsas; preço dobrou em 2 anos”. Obviamente, eu recomendo a leitura da matéria, mas o ponto que pegou pra mim foi o seguinte:

“Com os R$ 8.000 de aluguel de cada árvore de plástico daria para colocar 16 árvores nativas que proporcionariam benefícios para os paulistanos por anos”, diz o botânico Ricardo Cardim, que monitora a arborização da cidade. Ele calcula o preço de instalação de uma árvore real, dentro das especificações da prefeitura, em no máximo R$ 500, contando a muda e a mão de obra.

De acordo com Cardim, os pontos em que as árvores foram colocadas têm espaço e condições para receber plantas reais. “São locais extremamente carentes de arborização. E, se as mudas forem de qualidade, dá para decorar para o Natal sem machucá-las.”

Bom, olhando para a galeria de fotos da matéria (que é bem pobre, aliás), logo vemos que as árvores estão situadas em locais como o Viaduto do Chá e a Avenida Paulista. O Viaduto do Chá, creio ser intuitivo, é um viaduto, o que dificulta o plantio de árvores, talvez algum arbusto, não sei, mas uma árvore, como popularmente imaginada, duvido muito; já a Avenida Paulista, é, digamos… oca, repleta de galerias subterrâneas, que remontam a um antigo projeto, nunca colocado totalmente em prática, assim, o plantio de árvores não deve ser tão simples e barato por lá.

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Extraído de matéria da ISTOÉ

Devo confessar que estou acostumado com matérias como a que me fez escrever, são rasas, são superficiais, são extremamente parciais e levam um leitor, por mais bem-intencionado que esteja, a formular conclusões errôneas muito facilmente. Qual a parcela da população que tem conhecimento de que a Avenida Paulista deveria ter sido muito diferente daquela que hoje conhecemos, 10%, 20%? Talvez eu esteja sendo muito otimista…

Além da ISTOÉ, o G1 também mencionou as galerias subterrâneas numa matéria de 2008, matéria, arrisco dizer, um pouco superior à da Folha de S.Paulo.

Já a Radial Leste, esta sim é uma via que tem potencial para ser mais bem arborizada, mas precisa de um projeto, além do mais, a Radial não é puro concreto e asfalto.

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Radial Leste

Com a chegada do novo corredor de ônibus com padrão BRT (caso o Tribunal de Contas dê aval positivo), minha posição é de ceticismo sobre a possibilidade de arborização da Radial, na verdade, penso que ela poderá perder o canteiro arborizado que fotografei.

Obviamente, apropriando de volta o espaço utilizado pelos automóveis, praticamente tudo pode ser feito, mas na conjuntura atual, na qual ciclistas são depreciados, seria bastante polêmico (e improvável, até pelo custo, que chuto ser muito superior ao das árvores artificiais em pontos estratégicos). Estamos preparados para algo assim?